Poema

Na maior sala do mundo
coberta inteiramente de palavras
decorada apenas por frases
de janelas cerradas por sentenças
Tão enorme e finita de letras
e virgulas cruas,
Verbos envelhecidos
que habitavam nobres bocas
refugiam-se em cantos
congestionados por páginas
rasgadas.
Onde títulos sobem as
vigas, notas balbuciam sozinhas,
rascunhos choram com fome
enquanto exclamações aranham
as paredes.
Vocábulos gargalham idiotas
enquanto órfãos ditongos
brincam fingindo não esquecer.
Guardados enlouquecidos
no desejo punhal pela fuga
aonde ninguém pode entrar
não sonham mais em sair.


